quinta-feira, 1 de maio de 2008

Broadsheet

Espero que os meus adorados leitores e leitoras tenham visto, no Domingo passado, a Grande Reportagem da SIC, denominada "Sangue Azul". Eu vi! E como estudioso da Nobreza Nacional e Internacional, fiquei um pouco desiludido com a reportagem, mas contente por um canal de televisão ter dedicado 45 minutos do seu tempo a um tema tão interessante como este.
Na verdade, e tal como uma querida amiga minha disse, a dita reportagem era uma espécie de "nobreza para principiantes". Claro que as bases para tal tema não se adquirem com o visionamento de um programa de televisão, onde apenas foram dadas algumas luzes sobre o assunto.
Foram escolhidos cinco aristocratas portugueses: a Duquesa de Cadaval, o Marquês de Abrantes, o Marquês de Fronteira, o Conde de Albuquerque e o Conde de Calheiros.
Queria fazer aqui uma pequena análise da história de cada um.
Comecemos pelo último da lista, ou seja, Francisco da Silva de Calheiros e Menezes, 3º Conde de Calheiros. Este titulo foi concedido por D. Carlos I, Rei de Portugal logo no inicio do seu reinado. Pertence a uma nobreza mediana, de provincia, quase do género senhorial (o actual Conde é um dos homens mais importantes da sua região, tendo já sido autarca da localidade de Calheiros). Desempenha um importante papel na região, promovendo o desenvolvimento, o turismo e a modernização da zona rural.
O segundo titular abordado na reportagem foi D. Augusto Duarte de Andrade Albuquerque Bettencourt de Ataíde, 4º conde de Albuquerque; o condado de Albuquerque foi dos últimos títulos a serem concedidos no período monárquico. Foi concedido a uma ilustre Casa Fidalga dos Açores, que ao longo de gerações, quase desde a descoberta do arquipélago, desempenhou um papel fundamental na vida açoriana. De todos os entrevistados, o Conde de Albuquerque mostrou-se, talvez, como mais orgulhoso do título e das suas origens.
Seguidamente temos talvez o mais polémico titular na aristocracia portuguesa: D. Fernando de Mascarenhas, 11º Marquês de Fronteira, 9º Marquês de Alorna, 12º Conde de Coculim, 13º Conde da Torre e 13º Conde de Assumar. Tal como disse na reportagem, já foi monárquico, já foi republicano e neste momento é politicamente ateu. É um termo curioso, não é? Apesar de tudo, conserva os seus titulos com orgulho e governa a sua Casa com sensatez, residindo num dos melhores exemplares de casa aristocrática em Portugal: o Palácio Fronteira, em Benfica, Lisboa. No entanto, D. Fernando de Mascarenhas, para além de ser o titular de vários titulos, é ainda representante de outros igualmente importantes, mas que foram historicamente extintos. O caso mais conhecido é o do Marquesado de Távora. D. Fernando é, por direito familiar, o representante daquele titulo extinto no reinado de D. José I.
Depois, passamos para o Marquesado de Abrantes. Este, nos dias de hoje, é representado por D. José Maria da Piedade de Lancastre e Távora, 11º Marquês de Abrantes. Este aristocrata, senhor de uma das mais importantes casas nobres da história de Portugal pós-Restauração, também é: 15º Marquês de Fontes, 19º Conde de Penaguião e 14º Conde de Vila Nova de Portimão. Tal como D. Fernando de Mascarenhas, também é um sucessor legitimo da Casa de Távora, sendo ainda parente das mais importantes Casas da Nobreza portuguesa, como por exemplo, a Casa de Cadaval, Asseca, Castelo Melhor, Ponte de Lima e Alcáçovas.
Por fim, temos o último elemento deste nobre quinteto: D. Diana Álvares Pereira de Melo, 11ª Duquesa de Cadaval. Esta nobre mademoiselle (o seu casamento com Charles-Philippe d'Órleans está agendado para Junho deste ano) é neste momento a chefe de uma das mais prestigiadas e importantes Casas de Portugal. Na realidade, os Cadaval eram a segunda casa do Reino logo a seguir à própria Casa Real, tendo precedência em relação a todos os titulares de Portugal. O seu património contava-se entre os mais vastos da Peninsula Ibérica. Para além do Ducado de Cadaval, esta Casa também tem os titulos de Marquês de Ferreira e Conde de Tentúgal. (Para ver informações sobre o "Caso Cadaval", que diz respeito à crise sucessória que aconteceu depois da morte do 10º Duque de cadaval, pai de D. Diana, consultem o seguinte link: http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=67836 )
Assim, espero ter aguçado a curiosidade dos leitores para este tema tão importante para conhecer melhor a nossa história e tradições.

Sem comentários: